sábado, 13 de fevereiro de 2010













"Sem licença para dirigir" (License to drive) mostra o desejo comum dos adolescentes Les e Dean em tirar carta. A dificuldade e o nervosismo diante de uma prova, o examinador carrasco e o desejo de pegar o carro dos pais escondido para impressionar as garotas fizeram do filme um clássico dos anos 80.
Tirar a carteira de habilitação é um momento crucial para quem ama carros. Em cada país, há uma maneira diferente de se passar por esse momento. Alguns, investem em diferentes provas, outros em altas taxas e tem até aula de "etiqueta". Tudo para tentar coibir o número de acidentes e formar motoristas mais responsáveis. Confira como funciona o processo em cada país.
CNH no Brasil
Até 2008, muitas carteiras de habilitação ainda não seguiam o modelo novo, não continham foto e nem serviam como documento de identidade. Mais do que mudar fisicamente a carteira de habilitação, o Contran vem nos últimos anos tentando fazer com que as provas sejam cada vez mais difíceis e os cursos mais complexos com o objetivo de diminuir o número de acidentes.
Usualmente, no Brasil, para tirar uma carteira de habilitação, entrega-se o serviço a cargo de um despachante de uma auto-escola, que faz pacotes que incluem aulas teóricas e práticas, além de agilização na documentação.
O processo para tirar a carteira de habilitação inclui quatro exames. O primeiro deles é o médico, que avalia visão, pressão, respiração e audição. O segundo é o psicotécnico com uma avaliação psicológica. Passado nesses exames, o futuro motorista tem que passar por 45 horas de curso teórico que inclui (18 horas de legislação do trânsito, 16 horas de direção defensiva, 3 horas de noções sobre o funcionamento do veículo, 4 horas de proteção ao meio ambiente e 4 horas de noções de primeiros socorros). Após isso, presta-se o exame teórico. Caso acerte mais de 70% das 30 questões, o candidato passa por 20 horas de aulas práticas e finalmente o teste prático. Ao ser aprovado, o motorista fica por um ano com uma carteira provisória que só se torna permanente com a ausência de multas. Quando se tem a carteira de habilitação permanente, faz-se necessária a renovação a cada cinco anos.
Diferente do Brasil, nos Estados Unidos não há um documento federal de identidade. Assim, a carteira de habilitação emitida em cada estado tem uma regra e serve como Id (documento de identificação). Na maioria dos estados, a partir de 15 anos o adolescente já pode dirigir acompanhado por um maior de idade habilitado. Após os 16 anos, já é possível dirigir sem restrições.
A carteira de habilitação deve ser tirada no local de residência do futuro motorista. Os testes consistem em um exame simples de vista, uma prova de múltipla escolha com metade das questões relacionadas a teoria e outra metade a sinalização. Em alguns estados, é possível escolher o idioma da prova. Na Flórida, por exemplo, devido ao grande número de imigrantes, é possível fazer a prova em espanhol.
Diferente do Brasil, as auto-escolas americanas não tem carro disponível. Cada aluno aprende a dirigir no seu próprio carro ou em um emprestado ou alugado. Em alguns estados, nem é preciso ter aulas práticas em escolas oficiais. Ou seja, é possível aprender a dirigir com seus familiares ou amigos. Outra diferença é que a partir do momento que você passa na prova, sua carteira de habilitação é emitida imediatamente.
Para nós brasileiros, sem dúvida, a maior dificuldade para tirar a carteira de habilitação no Japão seria a língua. Com um alfabeto próprio, os Centros de Trânsito do Japão aplicam as provas em hiragana e katakana, o que dificulta e muito a vida do estrangeiro que quer se naturalizar.
As auto-escolas japonesas exigem uma frequencia minima de 33 horas de aulas teóricas e 33 horas de aulas práticas. O custo do curso para tirar habilitação é alto e chega a quase R$ 7.000,00 e deve ser concluído, no máximo em seis meses.
São realizados quatro exames sendo que o primeiro deles é um teste escrito com 50 questões. Após isso, há uma prova prática dentro do Centro de Trânsito. Ao passar nessa fase, o futuro motorista recebe uma carteira provisória (karimenkyo) para treinar na rua. A terceira prova é teórica com 100 questões. Ao final, uma prova prática é realizada nas ruas
No maior mercado automotivo do mundo, a China, a corrida pela carteira de habilitação é grande. O candidato deve cumprir 15 horas de aulas teóricas e 4 horas de simulação (uma espécie de game) antes de entrar em um carro. O preço a ser pago chega a quase R$2.000,00 em aulas. Após isso, é preciso fazer uma prova teórica de 100 questões a acertar no mínimo 90.
O curioso é a temática. Além das questões envolverem sinalização e legislação, também envolvem regras de boas maneiras. Uma das perguntas mais curiosas é o que o motorista deve fazer quando sente vontade de cuspir (a resposta correta é cuspir em um papel e jogar no lixo). Após passar nesse teste, o motorista passa por uma prova dentro de um circuito onde tem que mostrar que sabe manobrar, estacionar e respeitar as regras de trânsito. A grande critica atual ao sistema é que o motorista chinês acaba não aprendendo como lidar no caótico trânsito da cidade.
A chamada "carta de condução" portuguesa é dividida em várias categorias e segue os mesmos moldes dos demais países da União Européia. Ela é conseguida através de um exame teórico (exame do código de estrada) e um outro exame prático. O exame prático é feito especialmente na categoria em que se pretende tornar-se habilitado já que cada categoria tem suas regulamentações. Por exemplo, para dirigir motocicletas entre 50cm3 e 125cm3 pode-se fazer o exame a partir dos 16 anos. Para as motos acima de 25kw de potência, é preciso ter 18 anos e para modelos superiores a isso, apenas aos 21 anos. Para os chamados "veículos leves" (automóveis comuns), a idade mínima também é 18 anos.
Um dos grandes problemas em Portugal é que os exames, tanto práticos quanto teóricos são realizados por auto-escolas com critérios próprios. Ou seja, cada motorista escolhe onde quer aprender a dirigir e onde quer fazer a prova. Assim, muitas auto-escolas oferecem provas mais "fáceis", o que facilita com que muitos motoristas passem sem ao menos saber dirigir. O governo já estuda uma maneira de mudar o sistema.

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