Imagine se repentinamente 15 mil carros desaparecessem das ruas? Numa cidade poluída como São Paulo, seria um alívio e tanto. E em relação ao trânsito. Não seria a solução do problema, mas ajudaria muito em vários pontos. Imagine então se várias frotas de 15 mil carros fossem sumindo pouco a poucos.
Seria um sonho. Mas ambientalmente, esse sonho não é impossível. Bastam políticas públicas e incentivo para a produção em escala de ônibus movidos a Etanol.
De acordo com dados recentes do Cenbio (Centro Nacional de Referência em Biomassa), que participa do projeto internacional The BEST (BioEtanol for Sustainbale Transport) que atua nos desenvolvimentos do uso do combustível, se 1000 ônibus urbanos a Etanol substituíssem 1000 ônibus a Diesel, seriam retiradas no ano 96 mil toneladas de CO2 da atmosfera. Isso é o equivalente a encostar 15 mil carros de passeio.
Só esse ganho ambiental já justificaria qualquer tipo de investimento nos ônibus a Etanol, segundo o Cenbio.
Mas as vantagens também são econômicas e sociais.
De acordo com a Única, a Associação dos Produtores de Cana de Açúcar no Brasil, 300 milhões de cana de açúcar novos podem gerar 70 mil postos de trabalho.
Voltando a questão ambiental, um ônibus urbano a Etanol emite até 89% menos gases que provocam o efeito estufa em relação a um ônibus diesel comum.
Além de ter menor material particulado na composição do combustível, a cana de açúcar também apresenta outra vantagem. Seu cultivo é um dos que mais captam carbono do ar.
No caso específico do Brasil, proporcionalmente as áreas de plantação são pequenas em relação às regiões disponíveis para a exploração. Assim, o aumento do cultivo de cana de açúcar não seria uma ameaça às reservas naturais. Muito mais ameaça é continuar a rotina de emissão de gases poluentes pelos veículos automotores, que os maiores responsáveis pela má qualidade do ar.
Já discutimos o assunto neste espaço, mas sem estes dados recentes e sem essa seguinte nova notícia.
Em agosto de 2010, a agência norte-americana EPA considerou o álcool como combustível superior.
Isso conferiu ao álcool a possibilidade de merecer apoio governamental.
E esse apoio já vem do mercado e das políticas pública e se expressa em números. Os Estados Unidos consomem 560 bilhões de litros de álcool combustível contra 40 bilhões de litros no Brasil.
Mas em produção, áreas de cultivo e tecnologia, o Brasil não fica para trás em relação a Estados Unidos e Europa.
No quesito política pública e apoio governamental, o País é um fiasco.
Desde a última vez que abordamos o tema etanol para ônibus, já se passou quase um ano, e nada, nada, de uma quantidade significativa de ônibus nas ruas.
Enquanto isso, havíamos noticiado que Estocolmo, na Suécia, tinha 600 ônibus a Etanol, com 80% do álcool consumido produzidos no Brasil. Essa frota agora beira 800 veículos, crescimento de 200 unidades, enquanto que neste ano, o maior produtor de etanol do mundo ganhou a “incrível” quantidade de dois ônibus novos. Em 2030, Estocolmo, a sede projeto The Best, deve ter todos os urbanos a álcool.
O Site do Projeto destacou a visita de Lula a Estocolmo em 2007 e ressaltou que o presidente brincou com o fato de os ônibus a etanol de lá serem movidos por combustível brasileiro. Brincar? Os fabricantes de ônibus a Etanol no Brasil dizem que o problema é sério e que o ônibus deste tipo só não é mais barato por falta de produção em escala, como relatou José Henrique Senna, da Scania
“Na medida em que haja escala, podemos produzir aqui. Tecnologia nós temos”. Por isso, é preciso articular mais densamente as iniciativas governamentais para o suporte financeiro desse projeto, para que exista estímulo a demanda por esses ônibus”
Nossos pulmões também não estão de brincadeira.
Adamo Bazani
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