domingo, 20 de julho de 2008

Com aço caro, montadoras tentam driblar pressão sobre os preços ao consumidor


A indústria automobílística parece ser movida mais pelas incansáveis lamúrias dos fabricantes do que propriamente por fontes de energia. São recorrentes as queixas no setor por conta da elevada carga tributária brasileira, por exemplo. Quando o dólar está muito mais valorizado que o real, é comum outra reclamação -- de que o câmbio aumenta as despesas de produção, ao encarecer os insumos importados. Quando ocorre o inverso, o lamento é pela perda de competitividade nas exportações. O choro agora recai sobre a questão do aço. O produto registrou um aumento superior a 12% desde janeiro e está em falta no mercado brasileiro. Para as montadoras, um baque, pois o aço representa 60% do custo total de insumos da indústria automobilística e o setor consome 28% de todo o aço feito no país.
O principal reflexo se deu nas tabelas de preços. Discretamente, é verdade. Os preços dos automóveis e comerciais leves de algumas marcas fabricados no Brasil foram reajustados. Os aumentos, porém, não chegaram a 2%. "Os insumos, principalmente o aço, pressionam os custos. Isso nos preocupa, mas as montadoras evitam repassar esse aumento para o preço final", disse Jackson Schneider, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).O repasse apenas parcial do aumento de custos, porém, tem razões mercadológicas. Em um mercado crescente como o brasileiro, ninguém quer perder participação. E um reajuste significativo dos modelos poderia ser fatal. "A matéria-prima aumenta e não tem como não ter repasse. Mas mesmo com o aumento das commodities, não dá para aplicar ajustes muito significativos por causa da concorrência", afirmou Rogelio Golfarb, diretor de Assuntos Corporativos da Ford."Vão repassar esse aumento para o consumidor, até porque a demanda muito aquecida permite isso. Mas não um aumento substancial. A competição é muito acirrada e quem aumentar muito perde mercado", alertou o economista Alexandre Andrade, da consultoria Tendências.O principal reflexo se deu nas tabelas de preços. Discretamente, é verdade. Os preços dos automóveis e comerciais leves de algumas marcas fabricados no Brasil foram reajustados. Os aumentos, porém, não chegaram a 2%. "Os insumos, principalmente o aço, pressionam os custos. Isso nos preocupa, mas as montadoras evitam repassar esse aumento para o preço final", disse Jackson Schneider, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).O repasse apenas parcial do aumento de custos, porém, tem razões mercadológicas. Em um mercado crescente como o brasileiro, ninguém quer perder participação. E um reajuste significativo dos modelos poderia ser fatal. "A matéria-prima aumenta e não tem como não ter repasse. Mas mesmo com o aumento das commodities, não dá para aplicar ajustes muito significativos por causa da concorrência", afirmou Rogelio Golfarb, diretor de Assuntos Corporativos da Ford."Vão repassar esse aumento para o consumidor, até porque a demanda muito aquecida permite isso. Mas não um aumento substancial. A competição é muito acirrada e quem aumentar muito perde mercado", alertou o economista Alexandre Andrade, da consultoria Tendências.
Para as montadoras, as alternativas são poucas. Uma delas é negociar com os fornecedores, tarefa difícil em um momento de demanda aquecida pelo aço no mundo inteiro. Outra seria importar o produto, ainda mais com o dólar pouco valorizado frente à moeda brasileira. Só que importação envolve certificação do produto trazido e contratos para encomendas
que levam, no mínimo, seis meses. "Evidentemente, cada um vai buscar a solução do seu problema. Mas há uma tendência que seja por um fornecimento nacional. Há um crescimento da importação de aço chinês, por exemplo, mas ainda é insignificante", explicou o economista Julio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).De qualquer maneira é consenso entre os especialistas do setor de que a crise do aço seja passageira. Para eles, a própria indústria siderúrgica nacional pode equilibrar essa relação demanda/oferta. "Solução de curto prazo é o setor do aço exportar menos e deslocar o produto para o mercado interno", avaliou Almeida, do Iedi. Além disso, novos investimentos estão previstos.
Segundo o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), até 2012 a capacidade vai aumentar de 41 milhões de toneladas para 63 milhões de toneladas. Até lá, porém, as montadoras terão de rebolar para lidar com a pressão dos custos. "Provavelmente não vai faltar o produto. Mas os produtores já operam no limite da capacidade. Não há espaço para expandir no curto prazo. O preço vai seguir bastante pressionado", avisa Alexandre Andrade.O AÇO E O DRAGÃOO fantasma da inflação voltou a assustar o país e com o setor automotivo não poderia ser diferente. O preço dos carros zero quilômetro no mercado brasileiro teve a maior elevação dos últimos três anos. A alta média beirou os 2,5% no primeiro semestre deste ano, a maior desde 2006. De qualquer forma, ficou abaixo da maioria dos índices que medem a inflação no país. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, ficou em 3,64% Nos seis primeiros meses de 2008. Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor, da Fipe) registrou uma inflação de quase 4%.A Anfavea usa números deste tipo para se defender e provar que não repassa totalmente os custos ao consumidor. De acordo com a entidade, nos últimos cinco anos o preço dos automóveis aumentou cerca de 73%. No mesmo período, o aço subiu 144%. "Um carro consome, em média, 650 quilos de aço e a participação dessa matéria no seu custo é relevante", argumentou Jackson Schneider, presidente da associação.(por Fernando Miragaya)

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