Quem comprou ou andou pesquisando um novo PC nos últimos meses certamente se deparou com a possibilidade de adquirir uma máquina com processador multicore. O termo, que indica uma CPU com múltiplos núcleos de processamento, vale para chips dual-core (com dois núcleos, os mais comuns), quad-core (com quatro, por enquanto restritos a máquinas de alto desempenho) e até para raridades como o Cell, processador da IBM usado no videogame Playstation 3, que conta com nove núcleos.
As perguntas que muitos se fazem é: para que serve essa multiplicação dos núcleos? Vale a pena comprar um desses chips multicore ou isso é tudo papo de marketing? Para tentar responder a estas dúvidas, vamos começar voltando cinco anos no tempo, para o final de 2002. Foi quando a Intel anunciou o Pentium 4 “Prescott”, primeiro processador para usuários finais a contar com a tecnologia Hyperthreading – até então usada apenas na linha Xeon, para servidores.
Os chips com Hyperthreading continuavam tendo um só núcleo (não eram multicore, portanto), mas a tecnologia permitia que se fizessem passar por dois processadores independentes (apenas nos sistemas operacionais compatíveis, do Windows XP para cima). O real ganho de performance que isso proporcionava é um tema polêmico, mas a vantagem quando se usava algum programa que tipicamente monopoliza a capacidade de processamento do micro é inegável. O Hyperthreading tornou possível passar o antivírus e gravar CDs ao mesmo tempo, por exemplo.
O fim da corrida dos MHz
O problema é que o aumento incessante da freqüência de operação (o tal do clock, indicado pelos famosos MHz e GHz) estava chegando a um limite. Para fazer processadores mais rápidos, era preciso gastar enormes quantidades de energia, o que além de nada econômico, fazia com que aquecessem demais. Aproveitar o grande poder de processamento de um chip fazendo-o trabalhar por dois é uma idéia legal, mas manter o crescimento desse poder estava se tornando excessivamente caro.
Foi então que o pessoal da Intel resolveu fazer as contas e concluiu que era mais negócio fazer o processador rodar em freqüências um pouco mais baixas, economizando um bocado de energia. Isso já era feito nos portáteis, nos quais a duração da bateria é questão de vida ou morte, mas de uns anos para cá passou a valer a pena também para os desktops. E, como a sede de poder computacional só aumenta, o jeito era aumentar o número desses processadores ligeiramente mais lentos.
No mundo dos servidores corporativos, computadores com dois, quatro ou até mais processadores são mais do que comuns. Fazer isso nos micros para pessoas comuns, no entanto, não seria muito prático – mas colocar mais de um processador em um mesmo chip, sim. Na verdade, o que se fez foi duplicar o núclo de processamento (“core”) de modo a aumentar o poder do chip sem precisar dobrar todo o resto.
Caminho sem volta
Mas, voltando à pergunta do “vale ou não a pena”, nem há muito o que questionar. Desde o Hyperthreading ficou claro que um processador capaz de assobiar e chupar cana ao mesmo tempo traz, sim, ótimos ganhos de produtividade. E, quanto à duplicação dos núcleos, a resposta é que não existe, por enquanto, uma alternativa, já que continuar aumentando as freqüências dos chips logo transformaria seu computador numa torradeira que talvez duplicasse sua conta de luz.
Por falar em falta de alternativas, talvez você nem precise mais se perguntar se deve ou não investir num chip multicore, já que vai ficar difícil encontrar algum novo, de bom desempenho, que não seja. Desde os Athlon 64 X2 e Turion 64 X2, da AMD e dos Pentium D, Core Duo e Core 2 Duo, da Intel, não há mais espaço no mercado para o lançamentos “mononúcleo”. Mas tudo bem... você não ia querê-los mesmo.
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