segunda-feira, 4 de maio de 2009

eua pode ganhar fiat bravo sobre emblema da chrysler

Há poucos dias do fim do prazo dado à Chrysler pelo governo norte-americano, a empresa vem colecionando boas notícias. O acordo mais espinhoso, com os sindicatos, foi selado. Ele era um dos principais empecilhos à consolidação da aliança entre a marca norte-americana e a Fiat, algo que tem sido apontado como muito oportuno para as duas empresas. Para a Fiat, permitirá a entrada no mercado dos EUA, que vem sofrendo, mas ainda é muito importante para ser ignorado. Para a Chrysler, dará acesso a algo que o consumidor naquele mercado pede e não encontra facilmente: carros menores e mais econômicos. Um deles interessa ao Brasil: será um sedã com perfil esportivo, construído sobre a plataforma FAT C-Evo. Em outras palavras, a mesma que será usada no Fiat Bravo nacional.Em outras palavras, isso pode apontar para uma inédita versão sedã do Bravo no mercado brasileiro e um modelo que seja reconhecido como médio, algo que o Linea, apesar de seu belo conjunto, não vem conseguindo pela associação umbilical que ele tem com o Punto. Como exercício, pedimos ao talentoso designer Rodrigo Bruno para criar o que poderia ser esse sedã e o resultado está nestas páginas. Projeção especulativa, se vocês preferirem, mas é sempre bom poder visualizar, de algum modo, o que vem por aí.Além do Bravo, a plataforma FAT C-Evo também será usada no Alfa Romeo 149 e no futuro Milano, substituto do 159. Como já haverá um sedã médio criado sobre essa estrutura, não é nada difícil que o Bravo também tenha essa versão, especialmente em mercados em desenvolvimento, onde os Alfa Romeo ainda são restritos a uma parcela muito pequena da população. A mais rica. No Brasil, nem essa parcela anda conseguindo comprar os carros da marca do Cuore Sportivo.A aliança entre Fiat e Chrysler não prevê investimentos da marca italiana na norte-americana. As ações irão para a Fiat apenas pelo compartilhamento de produtos e tecnologias para tornar a empresa mais competitiva, além da assistência gerencial que Sergio Marchionne pode dar à Chrysler. Marchionne foi o arquiteto da recuperação da Fiat e é bastante respeitado por isso.A sinergia entre as empresas deve ocorrer tanto nos EUA quanto nos outros mercados do mundo em que a Fiat atua (leia-se Brasil, principalmente). Mais do que isso, o grande ganho da Chrysler será apresentar ao governo norte-americano uma credencial de confiança para o empréstimo que está fazendo e que deve, se bem administrado, garantir sua sobrevivência no cenário automotivo mundial.No final das contas, a Fiat será uma espécie de avalista do contrato, mas com muito menos responsabilidades. Para começar, a aliança não vincula as duas empresas. Qualquer desdobramento dependerá de auditorias pesadas e das necessárias aprovações do governo norte-americano, inclusive em relação ao empréstimo que pode salvar a Chrysler.Para a Chrysler, isso é um negócio tão bom que é a Fiat que vai ganhar ações da montadora norte-americana, e não o contrário. Haverá benefícios para ambas em termos industriais, de distribuição e desenvolvimento de produtos.No que se refere à produção, a Fiat pode viabilizar nos EUA a distribuição do 500, um carrinho que venderia como água, por lá, se chegasse a um preço competitivo. Basta ver como o Mini se deu bem naquele mercado. Para isso, a Fiat deve produzir o urbaninho em alguma planta da Chrysler. E não será difícil encontrar alguma fábrica com capacidade ociosa.Isso porque a Chrysler foi vítima de uma riqueza sua: a quantidade de marcas sob seu chapéu. Ironicamente, ela também tem três cabeças, como Cérbero, o cachorro que, segundo a mitologia grega, guarda a porta do Hades, o reino subterrâneo dos mortos. São elas a Chrysler, a Dodge e a Jeep. Cerberus também é o nome do fundo de investimentos que controla a marca, atualmente.Revendedores da Dodge, da Chrysler e da Jeep queriam um portfólio maior de produtos. O que a empresa fazia era pegar um modelo de uma marca e mudar seu emblema, criando um novo produto. Foi assim que nasceram o Chrysler Aspen (um Jeep Grand Cherokee), o Dodge Magnum (um Chrysler 300C) e a Dodge Caravan (uma Chrysler Town & Country), entre outros. A competição entre produtos da própria marca, uma estratégia usada por Alfred Sloan na GM, não deu certo em tempos modernos. Não para a Chrysler, pelo menos. Em vez de aumentar sua participação de mercado, ela apenas complicou seu processo industrial.Agora, com a aliança com a Fiat, a Chrysler pode ter realmente produtos novos, em nichos que ela não explorava antes. As marcas Dodge e Jeep vão se especializar em determinados segmentos, não competindo mais com a Chrysler.Produzindo o 500 nos EUA, a Fiat poderá vendê-lo nas revendas da Chrysler, assim como os veículos da Alfa Romeo, que já estão por lá. O primeiro a chegar ao mercado norte-americano foi o fantástico 8C Competizione, mas a ele devem se seguir o Mi.To, para enfrentar o Mini, e toda a nova linha da marca, que vai se renovar nos próximos anos, inclusive com a chegada de um utilitário, o Kamal. A Chrysler tem a Jeep, especializada em veículos 4x4. A ajuda dela no desenvolvimento do Kamal pode ser importantíssima. Esse é só um exemplo de como as empresas podem se ajudar no desenvolvimento de novos produtos. O compartilhamento de peças, motores e plataformas deve trazer uma enorme economia de escala para ambas.Aguardemos os desdobramentos dessa aliança. Se ela se concretizar, teremos muitas surpresas pela frente. Uma delas na forma de um sedã.

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