quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fiat já fala em levar 500 e Alfa Romeo aos EUA

Grupo italiano anuncia detalhes de acordo estratégico com a Chrysler nos EUA

A Fiat e a Chrysler anunciam a assinatura de um acordo que estabelece uma aliança estratégica global, como já ocorre há uma década com Renault e Nissan. A aliança engloba dois elementos: a contribuição da Fiat para os direitos da Chrysler em várias plataformas, tecnologias e modelos, serviços de gerenciamento, cooperação e assistência em áreas estratégicas dos negócios da Chrysler, tais como compras e distribuição internacional, e a aquisição pela Fiat de participação na Chrysler.

"Essa transação representa uma solução construtiva e importante para os problemas que têm atormentado não apenas a Chrysler nos últimos anos, mas à indústria automobilística global como um todo", afirma o CEO do grupo Fiat, Sergio Marchionne.

"A união da tecnologia de primeira classe, das plataformas e powertrains para veículos pequenos e médios da Fiat e de sua extensa rede de distribuição na América Latina e na Europa com a rica herança da Chrysler, com sua sólida presença na América do Norte e sua força de trabalho talentosa e dedicada criarão uma nova e poderosa empresa automobilística. Também ajudará a preservar postos de trabalho e uma indústria criticamente importante para as economias dos EUA e do Canadá."

Segundo o executivo, as negociações com a Chrysler começaram há quase um ano, e o objetivo foi o de nivelar pontos fortes das duas empresas. Ele já adianta, no entanto, que em breve deverão ser reintroduzidas no mercado norte-americano algumas marcas populares do grupo, citando o Fiat 500 e a Alfa Romeo. "Nas próximas semanas e meses, passarei grande parte do tempo me reunindo com os empregados da Chrysler e visitando suas instalações", diz Marchionne, que classifica o momento como "histórico" para a Fiat e para a indústria italiana.

Fiat 500 - foto Divulgação
O Fiat 500, ou Cinquecento, que será vendido pela Fiat nos EUA

A Fiat deu mais detalhes sobre a transação, que será implementada por meio da venda acelerada de todos os ativos da Chrysler para uma NewCo, de acordo com certas provisões do Código de Falência dos EUA. A Chrysler abrirá um pedido ao tribunal de Nova York para obter aprovação da venda do negócio da Chrysler para uma NewCo. Se o tribunal aprovar a transação, será necessário que as partes a completem tão logo quanto possível.

Enquanto aguarda a aprovação, a Chrysler normalmente com suas operações comerciais e o Tesouro norte-americano e o governo canadense subsidiarão a empresa para permitir o cumprimento de todas as suas obrigações com os empregados. A partir do início deste mês, a Chrysler se beneficiará de novos pacotes de financiamento maciços solicitados em conjunto com a GMAC, que oferecerá também financiamento no varejo.

Na conclusão da transação, a NewCo assumirá a razão social da Chrysler e se tornará proprietária de todos os negócios Chrysler, sem obrigações financeiras ou endividamento. Na conclusão, a NewCo emitirá, em favor da Fiat, um interesse acionário igual a 20% corrigidos, e a Fiat entrará em contratos industriais com a Chrysler. Será emitido, no fechamento, um interesse acionário à Associação Voluntary Employee Benefit equivalente a aproximadamente 55% da Chrysler, corrigidos. A nova Chrysler também se beneficiará dos novos acordos coletivos recentemente negociados com os sindicatos e com um incentivo do tesouro norte-americano de US$ 6,5 bilhões.

A nova Chrysler será administrada por uma diretoria que consistirá em nove diretores: três diretores serão designados pela Fiat, dois pela Associação Voluntary Employee Benefit e pelo governo do Canadá e quatro pelo Tesouro dos EUA. A Fiat terá o direito de receber adicionalmente um interesse acionário de 15% (por voto e valor), devidamente corrigidos.

Essa participação poderá ser obtida em três parcelas de 5% cada, condicionadas ao atendimento de metas predeterminadas, especificamente, à obtenção das aprovações regulamentares para a produção da família de motores Fire nos EUA, à realização da venda de veículos Chrysler fora do Nafta (bloco econômico formado por EUA, Canadá e México) e à obtenção de aprovação regulamentar para a produção de um modelo Chrysler baseado na tecnologia Fiat. Mediante a obtenção do interesse adicional de 15%, a Fiat terá também o direito de designar outro diretor da Chrysler.

Além disso, será garantido à Fiat a opção de adquirir uma participação acionária adicional de 16% (que poderá ser exercida de 1º de janeiro de 2013 a 30 de junho de 2016). O teto da participação da Fiat será de 49% até que a Chrysler tenha efetuado o pagamento total do empréstimo cedido pelo Tesouro norte-americano.

A Fiat contribuirá com recursos como tecnologias de motores, fornecimento de serviços de gerenciamento para possibilitar à Chrysler se beneficiar do conhecimento da Fiat relativo à recuperação operacional e industrial, participação em programas da Fiat de compra, aquisição e distribuição dos veículos Chrysler fora da região do Nafta, permitindo o acesso da Chrysler à rede de distribuição da Fiat em países nos quais ela tem presença limitada.

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