quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Ford Edge: Imagem é tudo

Dizem que exclusividade não tem preço, você concorda? A Ford, pelo visto, não, já que a partir do final deste mês, ela passa a vender no Brasil o crossover Edge por R$ 149.700. Valor bem acima do pedido pelo Chevrolet Captiva, por exemplo, que custa cerca de R$ 90.000, na versão de entrada. O modelo da Ford é maior e traz alguns itens exclusivos, é certo. Mesmo assim, a diferença de valo­res é muito grande. Diminuir o preço do Edge, de acordo com a Ford, é algo impossível devido ao fato de o modelo ser produzido no Canadá, país que não possui acordos comerciais com o Brasil - como o México e os integrantes do Mercosul. O negócio, então, será disputar espaço com Mitsubishi Pajero Full (R$ 153.000), Hyundai Veracruz (R$ 175.000), Toyota Hilux SW4 (R$ 151.000), além do igual­mente novo Kia Mohave (veja reportagem nesta edição). A fabricante se mostra otimista, já que pretende comercializar 3.000 unidades do Edge em seu primeiro ano de vendas no país. Nada mau, considerando que esse número corresponderá a 20% do total de vendas do segmento.Para conhecer a novidade, fomos até Niagara Falls, no Canadá. Antes, vale lembrar que os brasileiros já tiveram contato com o Edge. Foi no Salão do Automóvel de 2006, quando a empresa expôs uma unidade. Ou seja, desde aquela época a Ford já planejava trazer o crossover para o mercado nacional. De volta ao Edge, o veículo estará disponível apenas na versão SEL, equipada com motor 3.5 V6, com 269 cv, tração integral e câmbio de seis marchas. Reparou na grade dianteira similar à do Fusion? Não é mera coincidência, pois o Edge é feito sobre a mesma plataforma do sedã e compartilha outros componentes com ele. Opcionalmente, o modelo pode ter apenas o teto solar panorâmico bipartido (que ocupa cerca de 70% da capota). O equipamento, contudo, custa "salgados" R$ 8.830. Mas o crossover tem aspectos interessantes também. Por exemplo: apesar do porte avantajado, o Ford apresenta um desempenho muito bom.4Ele tem 4,72 m de comprimento, 2,22 m de largura e 2,82 m de entreeixos (o que se reflete num ótimo espaço para os ocupantes). Mas o brilho fica por conta do propulsor, com seus 34,6 kgfm de torque, que trabalha em harmonia com a transmissão de seis velocidades de suavidade acima da média. Esse casamento motor/câmbio, segundo os dados da fábrica, permite ao Edge acelerar de 0 a 100 kmh/ em respeitáveis 9,5 s e alcançar os 180 km/h de máxima.O melhor é que, apesar desse desempenho, o interior do Edge é de uma tranqüilidade à toda prova. Nem mesmo quando se pressiona o ace­le­rador com maior vigor o ruído do motor causa incômodo. Pena que, no circuito escolhido pela Ford para o test-drive, não havia muitas curvas para que pudéssemos avaliar a suspensão - independente nas quatro rodas com barra estabilizadora na dianteira e na traseira. Mas nos poucos e pequenos buracos que surgiram pelo caminho, a calibração mostrou-se adequada, macia sem ser mole e firme sem ser dura. No quesito segurança, destaque para o Advanced Trac, um sistema que auxilia a correção e a retomada do controle do veículo em situações de derrapagem. Basicamente, ele monitora a velocidade das rodas, a desaceleração, o ângulo de direção e a pressão dos pés nos pedais. Ou seja, perder o controle com esse modelo é tarefa quase impossível.E tem mais em matéria de tecnologia: o Sync, sistema integrado de comunicação e entretenimento com comando de voz (desenvolvido em parceria com a Microsoft), possibilita a conexão via Bluetooth com celulares e MP3 players. O mais interessante disso tudo é que o acionamento das funções é feito por meio de uma tela de 6,5" touch screen, na qual também é possível reproduzir DVDs. O equipamento ainda conta com um HD de 10 GB para o armazenamento de fotos, músicas, filmes e traz ainda um navegador GPS para o qual a Ford já desenvolve, em parceira com empresas do ramo, mapas das ruas e cidades brasileiras. "Os primeiros modelos ainda não contarão com o serviço (sem preço definido). Mas em pouco tempo, o consumidor poderá incluí-lo em qualquer concessionária Ford", disse Winston Landin, responsável pela estratégia da empresa. A parte de entretenimento é completada com o sistema de áudio composto por CD player para seis discos, amplificador de 190 watts, oito alto-falantes e subwoofer. Bom, deu para perceber que, caso fique preso no trânsito, o Edge lhe oferecerá opções de sobra para passar o tempo. Vale lembrar que o crosso­ver também traz ar-condicionado Dual Zone, piloto automático, controle de áudio no volante e coluna de direção ajustável em profundidade e altura. Além disso, os bancos dianteiros também podem ser movimentados eletronicamente e os de trás configurados manualmente. Estes, caso necessário, permitem rebatimento total por meio de um botão instalado no porta-malas. Pensando bem, com toda essa tecnologia, até que o preço elevado se justifica. Outro atrativo é o seguro do carro, já que, de acordo com a Ford, o valor vai se situar na faixa dos R$ 4.500, abaixo dos concorrentes. Resumindo, o novo Ford Edge tem quase tudo para repetir por aqui o sucesso conquistado por seu "meio-irmão" Fusion. A dú­vida é se o consumidor nacional terá dinheiro para isso. Ainda mais após a recente alta do dólar.

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