terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Socorro oficial imediato

deterioração das expectativas com a economia, agravada na semana passada, levou o governo federal a agir. Outra vez o setor automobilístico esteve no centro das atenções por ter-se transformado em termômetro sensível de comportamento do consumidor. A Fenabrave – federação das concessionárias – procurava passar mensagens positivas, mas recuou e chegou a prever queda de até 19% das vendas em 2009, pelo que observou em tendências neste mês. Se confirmada, poderia trazer impacto severo no nível de emprego numa longa cadeia direta e indireta que paga salários acima da média.Diminuição da carga fiscal sobre o produto e do imposto de renda das pessoas físicas torna-se uma poderosa injeção de ânimo. O fator mais positivo é que, politicamente, ficará difícil voltar a aumentar o imposto de renda. Já o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) menor tem prazo – final de março de 2009 – para terminar, embora possa ser prorrogado.Criou-se uma nova alíquota de 1% para picapes leves com motor de no máximo 1.000 cm³ de cilindrada. Trata-se de motorização bem inadequada nesse tipo de veículo. Salvo se a redução de 75% na alíquota for definitiva, a indústria não vai desenvolver e lançar um produto efêmero. Atitudes dúbias do governo deveriam estar descartadas em momentos de tanta insegurança.Ponto preocupante, a Toyota anunciou no Japão o adiamento dos investimentos já aprovados no Brasil, China e Índia. É um desânimo porque se trata de lançamento de um modelo de preço menor capaz de acirrar a concorrência na faixa de maior importância aqui. A marca japonesa prevê que terá, pela primeira vez em décadas, prejuízo superior a US$ 1 bilhão no semestre contábil outubro-março e planeja cortar 20% da mão-de-obra no Japão. Como empresa mais lucrativa do mundo, entre as generalistas (produção diversificada), sinaliza dificuldades crescentes para outros fabricantes.O panorama para as marcas americanas, à exceção da Ford que dispensou empréstimos governamentais, continua incerto, resvalando para o perigoso campo de disputas políticas do Poder Legislativo. Também na Europa deve se iniciar um processo de consolidação aparentemente inadiável. Teve repercussão as declarações de Sergio Marchione, da Fiat, de que a marca italiana precisa se unir a um concorrente para alcançar o nível de produção mundial combinada entre 5 e 6 milhões de veículos anuais, volume que considera o mínimo para evitar "uma vida marginal".É razoável concluir que a PSA Peugeot Citroën surge como parceiro previsível, pronto para liderar o possível consórcio. Dois grupos cujas famílias controladoras têm grande peso e histórico de colaborações pontuais. Apesar de haver superposição de modelos subcompactos e compactos, a PSA é mais forte na lucrativa faixa média e está bem estabelecida na China. Os governos da França e da Itália sinalizaram apoio às negociações, inclusive financeiro.Nesses momentos de fortes sobressaltos é natural o socorro do Estado alcançar o setor automobilístico em todos os países produtores. Além do ambiente financeiro tremendamente adverso, há desafios que se superpõem nos campos social, ambiental e de segurança veicular. Sem tempo a perder em discussões filosóficas.
AINDA é cedo para concluir, mas a reação das vendas em dezembro aponta para números em recuperação em relação ao fraquíssimo mês de novembro. Comportamento do mercado no primeiro trimestre de 2009 será fundamental. Se o peso dos estoques diminuir, poderá se planejar uma acomodação de ritmo nas linhas de montagem e desemprego menor. SITUAÇÃO um pouco melhor na indústria motociclística. Queda em novembro em relação a outubro foi de 17%, contra 26% dos demais veículos. Estoques são menores também. Abraciclo antevê encolhimento do mercado interno em 2009, embora administrável. Restrição ao crédito tem impacto maior no setor de duas rodas.SOLUÇÃO bem brasileira permite navegação em qualquer carro com monitor instalado como equipamento original, caso dos importados. Lançamento do GPS Box, da Navbras, adapta-se também às telas de fabricantes de toca-DVDs e fica embutido no painel. Mapas roteáveis da TeleAtlas têm mesma abrangência dos GPS portáteis atuais. Preço em torno de R$ 2.500.MINISTÉRIO Público Estadual de São Paulo continua procurando culpados pelo não-fornecimento de diesel de 50 ppm de enxofre, a partir de janeiro. As partes envolvidas se ajustaram em termo assinado com o Ministério Público Federal, adiando a nova fase da política antipoluição do complicado diesel. Origem do problema está na Agência Nacional do Petróleo e, no fundo, no próprio governo federal.ENGENHEIRO Ricardo Neuding, da ATA, especializada em ativos técnicos e ambientais, ajuda empresas a conseguir créditos financeiros ao usar biocombustíveis. Para ele, "a gestão do CO2 no setor de transporte parece mais rentável com biodiesel porque se trata de um programa novo. O Proálcool, que tem mais de 35 anos, teria se tornado prática comum de mercado".Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Foi diretor de Redação da revista "Auto Esporte" (1976 a 1982 e 1990 a 1996) e editor de Automóveis de "O Cruzeiro" (1970 a 1975) e "Manchete" (1984 a 1990). Produziu e apresentou os programas "Grand Prix", na TV Tupi (1967 a 1980), e "Primeira Fila" (1985 a 1994), em cinco redes de TV. Exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. É ainda correspondente para a América do Sul do site "just-auto", da Inglaterra. Fale com o colunista

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